priscila costa oliveira
Priscila Costa Oliveira. Desnarrativa Familiar. 2021. Foto colagem digital. Albúm de fotos.
sinopse
Desnarrativa familiar é um mergulho que faço no álbum da minha família colocando os rostos de homens [tio, primo, avô] sobre o rosto de mulheres [tia, prima, avó]. A foto colagem propõe uma narrativa ficcional que coloca os homens retratados com crianças ou com gestos de afetos. Quem seríamos nós mulheres se não passássemos tanto tempo cuidando das crianças e da casa? Como seria nossa família e nossa arte se os homens compartilhassem o trabalho do cuidado e os afetos com toda comunidade? Que arte faríamos se não precisássemos pautar as desigualdades sociais e de gênero?
Recorto e colo sob o efeito quase alcoólico, tonto e desconcertante de desnarrar o álbum da minha família. Levei um tempo até identificar as forças sorrateiras que nos formam através da linguagem. Imagens, escritos, falas, tudo que nos é colocado, treinado, todas as ideias preconcebidas que não fazemos ideia de onde vem que nos impedem de fazer diferente, agora estavam ali, bem na minha frente. A forma como os álbuns de famílias são narrados não são apenas memória ou registro do que já é passado, mas uma maneira de afirmar os lugares dos personagens que compõem essa história e garantir que os próximos sigam o mesmo comportamento. Tocar essas fotos me jogou numa corda sensível, tocou um nervo, talvez subjetiva demais, delirante demais ou exagerada demais. Mas Trouxe um desejo de não só alterar o presente ou o futuro, mas imaginar quem seria eu, quem seríamos nós se essas narrativas fossem outras? Se essa história fosse renarrada ou desnarrada?
minibio
Priscila Costa Oliveira (1990) É artista, curadora e pesquisadora. Coordena o podcast VER.SAR e integra o Coletivo Ka. Atualmente Doutoranda em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa (UDESC), onde integra o programa RADIOFONIAS e o grupo de Pesquisa Proposições artísticas contemporâneas e seus processos experimentais. Em 2020 participou do Sesc ConVida, realizou oficinas de arte junto a população de rua na passarela da cidadania pelo Instituto Arco Íris e coordena o simpósio Arte, Maternagem e Feminismos do Seminário Internacional Fazendo Gênero.
Em 2019, participou da 14ª Bienal de Curitiba Polo SC no NACASA, 2ª Bienal Black Brazil Art no Teatro da Ubro e Galeria do Mercado Público e foi editora de seção da Revista Palíndromo nº 23/2019. Em 2018, ganhou o Prêmio Jovens Artistas de Santa Catarina: Arte Contemporânea; participou da exposição “Como resistir no mundo de hoje? Na Galeria Cañizares Salvador/Bahia, participou da Residência Terra Una em Minas Gerais e co-coordenação do Espaço Embarcação. Produziu e fez curadoria do Cine-boteco, Sopa de Pedra: encontros artísticos contemporâneos e Residência Artística A1 no Memorial Meyer Filho. Em 2017, participou da Residência Artística Comunitária na Argentina pela Curatoria Forense, da Exposição coletiva Lote 7: panorama de arte contemporânea em Florianópolis no Museu Hassis/SC e Exposição Madre Pérola no MIS/SC.